19/09/2014
Já sonhou em estar voando livre sobre as árvores, plantações e gado no pasto? Quando acordamos, não desejamos voltar ao sonho para conseguir continua-lo? Esse nosso “Sonho de Ícaro”, no entanto, pode ter uma solução bastante prazerosa. Acompanhe conosco.
Quem chega na cidade de Pedra Bela depara logo na sua entrada um Portal bastante bonito e diferente de todos os demais portais existentes em muitas cidades: é um dos maiores pontos turísticos de todo o Brasil. (ver mais…)
O motivo é bastante simples. Justamente no Portal de Pedra Bela está a base da maior tirolesa em atividade do mundo, com 1,9km de cabo num único lance. Na verdade são dois cabos paralelos (um é de emergência) que transportam aventureiros que literalmente voam no espaço.
Junto com o portal da cidade uma bonita e bem equipada praça acolhe os turistas que muitas vezes voltam dali mesmo, sem conhecerem a cidade, já que se interessavam apenas por esse esporte radical nos cabos de aço.
Entre flores e caramanchões bem cuidados encontramos uma estrutura de dar inveja, com quiosque e praça de alimentação, além de guichês com monitores, estacionamento e vista magnífica a partir do lindo mirante em madeira trabalhada.
PREPARATIVOS
O candidato a aventureiro deve apresentar seus documentos e preencher um termo próprio para se aventurar na tirolesa. Há uma prévia e informal avaliação das condições físicas do candidato, antes de destina-lo à Pedra para o evento. Ufa! passamos no teste.
Preenchido os termos os monitores instalam no aventureiro o equipamento necessário, com toucas especiais para que os cabelos não fiquem soltos em nenhuma hipótese, bem como por questões de higiene, já que o capacete será compartilhado no futuro com outras pessoas.
Eles também instruem os aventureiros sobre a melhor maneira de se portar na tirolesa, de modo a cuidar da própria segurança, já que na “descida” pelo cabo não haverá ninguém ajudando. Ensinam também os cuidados com objetos nos bolsos, câmeras de vídeos e fotografia, que podem se perder para sempre.
A SUBIDA
Feito essas preliminares uma Van leva os aventureiros até a parte alta da Pedra do Santuário, que já vão equipados até lá. O passo seguinte do aventureiro é subir mais de 300 degraus até o topo da pedra, de onde parte a tirolesa.
Talvez essa seja a parte mais difícil do trajeto e no percurso já dá para termos uma noção da altura que se está e da solidão do lugar. Só não dá para “amarelar”, pois está no regulamento assinado que eles não devolvem o dinheiro se houver desistência na hora “H”.
Na longa escadaria há algumas grutinhas com imagens de santos (o local serve para também romarias) e no topo uma bonita capela pode ser um refúgio de prece para os indecisos. E olhem que muitos a usam mesmo.
Já na parte mais alta passamos a pisar sobre uma rocha imensa de granito maciço, vendo nela inúmeras e potentes estancas fincadas, de forma a segurar o cabo de aço até a cidade. Afinal, cada um dos cabos pesa mais de duas toneladas.
O vento muitas vezes se faz mais forte naquelas alturas, fazendo que o simples andar cause algum desconforto. Tropeçar e cair, lá em cima, por causa do vento, pode ser muito perigoso, principalmente se estiver na borda da pedra e essa não deve ser uma experiência que deve estar em nosso curriculum de vida.
Com o tempo percebe-se que os sorrisos, antes alegres e animados, se tornam mais inseguros e “forçados”. O lugar é muito alto mesmo e de lá podemos ver os boizinhos pastando como se tivessem o tamanho de uma cabeça de fósforo.
Para um comparativo, o bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, percorre 700m de ponta a ponta. Aqui são 1.900m.
De um a um os aventureiros são conduzidos por monitores até o ponto de partida onde são verificadas, mais uma vez, as travas e a correta colocação da “cadeirinha”, aguardando-se o sinal de partida.
A DESCIDA
Em pouco tempo de espera o aventureiro é “despachado” montanha abaixo, sumindo das vistas dos monitores. Para se ter certeza que ele chegou bem ao destino, faz-se necessário um controle especializado via rádio, só então liberando o monitor para “despachar” outra pessoa.
Vez ou outra alguém “entala” no meio do “fio” e um dos monitores é obrigado a “descer” ou “subir” para ajudar. Isso aconteceu no dia que estávamos lá e pudemos presenciar essa atividade de socorro um tanto “corriqueira”. Nada que assuste ou cause perigo.
Para os experientes, descer “em dois”, com suportes específicos contratados antes, assim como de pernas para cima, em forma de estrela ou com grande velocidade, é muito comum. Mas para os marinheiros de primeira viagem, só o ato de enlaçar sua trava no cabo já causa um certo pânico.
Ficamos atentos a vários desses “novatos”:. Riem e choram ao mesmo tempo; fazem piadinhas sem graça por causa do medo; cedem sua vez para outros com a maior facilidade (êta educação…); e relutam bastante na hora da partida, como se fossem se atirar para a morte.
DESCIDA PARTE 1
A NOSSA VEZ
Enfim chegou a nossa vez de enfrentar a Pedra do Santuário pela primeira vez. Compenetrados com sorriso amarelo e um pavor mal disfarçado, relutamos bastante para nos seguirmos “pedra abaixo”. Particularmente confessamos que tentamos desistir umas 5mil vezes no trajeto até o ponto de partida.
No entanto, a partir de um certo “trecho caminhado” não tem volta. Depois que o “ordenança” guincha o nosso equipamento no cabo e dá dois passos para frente, impossível retornar. A ação é impressionante.
Os pés deixam automaticamente o chão e lá fomos nós deslizando velozmente pelo cabo de aço, só ouvindo o som estridente das roldanas e torcendo para não quebrarem, justamente naquela hora.Foi o “minuto e meio” mais demorado da nossas vidas. A visão sobre montanhas menores é incrível.
Em pouco tempo sentimos outros monitores nos recolhendo montanha abaixo e a primeira sensação que temos é a seguinte: “Di nooooovo!”: A vontade de voltar é imediata.
Nessa primeira vez a câmera fotográfica levada foi inútil e nem tivemos coragem de manuseá-la. De qualquer forma não teríamos que nos preocupar, pois no sopé da pedra, à nossa espera, estava o sempre bem posicionado “Kako”, fotógrafo “oficial” experiente e com equipamento ultra potente, que nos acompanha o trajeto desde o início.
Até nos desvencilharmos do equipamento e deixarmos o “porto de aterrisagem”, Kako já tinha gravado em CD as fotos que tirou, podendo ser adquirida pelo aventureiro de imediato. O preço é bem camarada mesmo e há descontos para grupos de pessoas.
Uma vez embaixo acaba sendo instintivo voltarmos ao mirante para vermos outros aventureiros descendo “montanha abaixo”. Agora, que já ficamos “experts” na descida, começamos a “colocar reparo” nas descidas alheias, corrigindo posturas, criticando seus movimentos, etc. Agora o medo passou, não é?
Como dados estatísticos um aventureiro pode atingir a velocidade de 107km/h no percurso. Há limite de peso mínimo e máximo para o uso da tirolesa (40 a 150kg).
E então, que tal voarmos literalmente e deixarmos nossa vida por um fio?
2ª DESCIDA
Gostou da matéria? Faça um comentário e envie-a aos seus amigos.
Não gostou? Envie-nos então suas críticas ou sugestões.
CLIQUE AQUI PARA VER TODAS AS FOTOS
CRÉDITOS
Texto e Edição: Marcos Duarte
Fotos e vídeos: Marcos Duarte
conheça também:
Sobre PEDRA BELA
Sobre Pousada Alma de Pedra